Um dos mais sustentáveis materiais de construção, com uma das maiores capacidades de renovação na natureza, e sem a necessidade do replantio. É também o recurso natural que se renova em menor tempo, não havendo nenhuma outra espécie que possa competir com o rápido crescimento dessa gramínea. Estamos falando do Bambu: a madeira do futuro.
O Bambu é usado há milênios no Oriente, mas só na década de 80 ganhou destaque no ocidente. Simon Vélez, um arquiteto colombiano foi quem descobriu o poder do Bambu em estruturas de construção. Adicionando cimento ao entrenó do caule (juntas horizontais das hastes ocas), ele alcançou uma relação peso/resistência muito maior que a do aço. A vantagem da utilização do Bambu sobre outros tipos de madeira é que, para se construir uma casa grande, seria necessário derrubar uma pequena floresta composta de 130 árvores que demorariam mais de 30 anos para se desenvolver. Já com o Bambu, a história é diferente: como a planta brota novamente após o seu corte, à medida que a casa está sendo construída, uma nova planta está se desenvolvendo. O Bambu cresce em média 23 cm por dia.
Figura 1: Casa feita pelo arquiteto Simon Velez no sul da Bahia.
Em Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo onde esta planta é extremamente abundante, cerca de 90% das casas são construídas com este material. A utilização do Bambu faz parte da estratégia de sobrevivência da nação Bengali.
No Brasil, desde 2011, existe a Lei de incentivo ao plantio de Bambu (Lei Federal nº12.484) e, juntamente com pesquisas e investimentos no desenvolvimento de tecnologias apropriadas para sua utilização, a gramínea vem ganhando espaço no mercado. O site http://www.bambubrasileiro.com traz uma série de reportagens falando sobre seu uso em construções pelo mundo e pelo Brasil.
O Bambu pode ser usado tanto na forma simples, ou seja, como material único na construção, quanto na forma composta, sendo alinhado com outro tipo de material de construção tradicional, como o cimento. No Brasil, é principalmente utilizado como coluna e teto para construções em fazendas.
Além da sustentabilidade em construções, o Bambu proporciona ainda serviços ambientais, como:
- Fixação de encostas;
- Controle de erosão e assoreamento;
- Recuperação de áreas degradadas;
- Tratamento de esgoto (fitorremediação);
- Biomassa energética;
- Sequestro de carbono: cada moita de Bambu sequestra no mínimo 624 kg de carbono; uma floresta dessa gramínea sequestra cerca de 100 toneladas de carbono por hectare.
Figura 2: Ponte feita com Bambu na Colômbia.
Não é só em construções que o Bambu mostra seu potencial. Em março deste ano, a Motorola anunciou o Moto X Bambu, um celular que apresenta partes feitas com a madeira dessa planta. O celular faz parte de um projeto da empresa que visa experimentar novas matérias-primas para seus aparelhos. Confira em:Motorola lança celular com partes em Bambu.
Abaixo apresentamos algumas curiosidades sobre o Bambu:
- É utilizado como pilar, viga, caibro, ripa, telha, dreno, piso, revestimentos: se tratado adequadamente, pode durar como madeira de lei;
- O plantio do Bambu gera empregos qualificados no campo, com manejo e colheita mais técnicos que o corte da cana, pois cada trabalhador acompanha a evolução do seu pedaço de bambuzal, do broto à colheita de cada vara;
- O cultivo do Bambu fomenta projetos sociais através de subprodutos (bioconstrução, carvão ecológico e artesanato);
- Evita o desmatamento de florestas nativas, aliviando a pressão sobre os ecossistemas ameaçados no Brasil;
- Permite construções anti-sísmicas.
- O plantio do Bambu gera empregos qualificados no campo, com manejo e colheita mais técnicos que o corte da cana, pois cada trabalhador acompanha a evolução do seu pedaço de bambuzal, do broto à colheita de cada vara;
- O cultivo do Bambu fomenta projetos sociais através de subprodutos (bioconstrução, carvão ecológico e artesanato);
- Evita o desmatamento de florestas nativas, aliviando a pressão sobre os ecossistemas ameaçados no Brasil;
- Permite construções anti-sísmicas.
Não há duvidas de todo o potencial sustentável dessa, que é considerada por muitos, a madeira do século 21 e, com certeza, uma forte aliada contra o desmatamento. No entanto, existe ainda muito preconceito contra artefatos e construções que utilizam este material, já que normalmente o Bambu é relacionado à pobreza. À medida que a conscientização ecológica da população em geral for aumentando, através de projetos de educação ambiental e até mesmo através de sofrimentos causados pelas mudanças climáticas e escassez de matérias primas necessárias para suprir a demanda da sociedade atual, este preconceito certamente diminuirá e o Bambu será reconhecido pelo seu valor.
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Artigo escrito por mim e publicado originalmente no portal Eu Gestor - Gestão Ambiental e Meio Ambiente
http://eugestor.com/editoriais/2014/05/o-poder-do-bambu/